São
diversas as estruturas marítimas, sendo estas aplicadas como medida de defesa e
proteção costeira contra a erosão e a inundação da costa, também agindo e
favorecendo a estabilização ou ampliação da linha da costa. Estas estruturas,
ao impedirem a livre ação das ondas e ordenarem/direcionarem a circulação de
sedimentos, protegem praias, costas, bacias e portos.
Segundo
Ceccarelli (2009), as obras de proteção costeira podem ser classificadas,
quanto à sua localização, em obras transversais (espigões), Obras longitudinais
aderentes e não aderentes, alimentação artificial das praias, diques, fixação
de dunas de areia e comportas.
Espigões
Uma destas
estruturas são os espigões (groins)
que são usualmente implantados de forma perpendicular à praia e quase sempre em
linha reta e são projetadas para interceptar à deriva litorânea favorecendo a
construção da praia de proteção e atrasando a erosão da praia existente (KAMPHUIS,
2000; SILVA, 2015).
Segundo
Souza (2011), os
espigões têm como principal função impedir/interceptar a livre circulação dos
sedimentos no sentido longitudinal, protegendo, desta forma, a costa da erosão.
O autor acrescenta que o sucesso de um ou mais elementos destes têm pode ser
determinada pela percentagem de material sólido que fica retida a barlamar(antes
no sentido das correntes) dos espigões. A inserção de espigões na costa,
geralmente, promove o efeito de acúmulo sedimentar a barlamar (“updrift”) e de
erosão a sotamar (“downdrift”). Este processo é minimizado quando o transporte
de sedimento longitudinal da costa ocorre nos dois sentidos (SILVA, 2015). Não
sendo indicado para áreas onde o transporte de sedimentos for fraco ou que a
direção deste transporte de sedimentos for variável (CECCARELLI, 2009).
Normalmente o efeito esperado pelo espigão é a deposição na praia a montante e a erosão da praia a jusante.
Figura: Campo de espigões e seus efeitos
Figura: Campo de Espigões e o efeito esperado de acordo com a direção do transporte dos sedimentos
Figuras:
Campo de espigões (Olinda/PE)
Estas estruturas devem estender-se desde a
posição extrema em terra atingida pela água do mar até à zona de início da
rebentação. Além disto, para que possam ser funcionais para além da zona de
movimentação normal da praia, devem possuir uma altura superior àquela
correspondente ao nível máximo da água, de modo a evitar o flanqueamento da
estrutura (MOHAN apud SOUZA, 2011).
A estrutura, com tal extensão, ainda
permite uma determinada proporção de transporte longitudinal de sedimentos
durante os períodos de maior agitação ondulatória. Apesar da zona de rebentação
variar com o nível do mar, com a altura das ondas e com as feições batimétricas
junto à praia, consideram-se como espigões longos os que se estendem para além
da zona de rebentação e como curtos aqueles que se prolongam apenas até um
ponto próximo da zona de rebentação. Os espigões também podem ser classificados
como altos ou baixos, de acordo com a altura que apresentam, característica que
tem influência direta na permissão do transporte de sedimentos sobre a
estrutura.
Figura: Campo de espigões em Long Island/NY
Ainda segundo Souza (2011), o espigão pode
ser construído com cristas “inclinadas”, de forma a manter o perfil da praia e
se mostra uma forma mais econômica.
CECCARELLI, T.S., Paradigmas para os
projetos de obras marítimas no contexto das mudanças climáticas. Dissertação
(Mestrado). Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, São Paulo, 2009.
SILVA, H.P., Contenção do processo de
Erosão Costeira e Estabilização da Linha de Costa da Praia do Meio, Município
de Natal. Projeto Básico. Prefeitura
Municipal de Natal, Natal, 2015.
SOUZA, N.M.B., Obras Marítimas de Acostagem: O caso do Porto de abrigo da ilha do
Porto Santo. Dissertação (Mestrado). Universidade da Madeira, Portugal,
2011.
MOHAN,
R. K., O. MAGOON, O., PIRRELLO, M., Advances in coastal structure design,
American Society of Civil Engineers, New York, 2003.
KAMPHUIS,
J.W., Introduction to Coastal
engineering and Management., World Scientific Publishing, Singapore, Vol
16. 2000.
Comentários
Postar um comentário