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Solo Grampeado



O solo grampeado é uma técnica bastante eficaz no que diz respeito ao reforço do solo “in situ” em taludes naturais ou taludes resultantes de processo de escavação. O grampeamento do solo é obtido através da inclusão de elementos lineares passivos, semi-rígidos, resistentes à flexão composta, denominados grampos. Os grampos podem ser barras ou tubos de aço ou ainda, barras sintéticas de seção cilíndrica ou retangular.


O emprego de técnicas de reforço de solos para a estabilização de taludes e escavações apresenta-se em expansão em todo o mundo. Dentre estas técnicas, a de solo grampeado tem cada vez mais ganhado aceitação no âmbito da engenharia geotécnica brasileira. Isso se deve principalmente ao seu baixo custo, versatilidade de adaptação à geometrias variadas, alta velocidade de execução e aplicação em solos inconsistentes com presença de nível d´água.

O solo grampeado é o resultado da introdução de chumbadores, barras de aço envolvidas por calda de cimento, na escavação de um maciço natural. Com a utilização desta solução de estabilização, a ideia é restringir os deslocamentos e transferir os esforços de uma zona potencialmente instável para uma zona resistente.

Este tipo de obra é comumente aplicado para a estabilização de taludes instáveis ou rompidos, emboques de túneis, escavação de subsolos, inclusive em centros urbanos, dentre outros.
Mas também é importante frisar que o processo pode impor deformações importantes e, por isso, sua utilização não é aconselhável em alguns casos específicos. O processo construtivo é realizado em etapas sucessivas e descendentes, envolvendo, tipicamente, quatro fases principais e repetitivas:
  • ·         escavação com altura limitada,
  • ·         execução dos chumbadores,
  • ·         construção da face com concreto projetado e
  • ·         implantação de um adequado sistema de drenagem.

A solução de solo grampeado apresenta algumas vantagens em relação às técnicas similares de reforço normalmente utilizadas, entre as quais podem ser citadas as que são apresentadas a seguir.

Baixo custo: nesta técnica, o único elemento estrutural utilizado para a estabilização são os chumbadores. A proteção do talude/escavação, seja em concreto projetado ou outro tipo de
estrutura, tem custo relativamente baixo em relação às soluções convencionais.

Equipamentos leves: os equipamentos utilizados nas diferentes etapas de execução (perfuração, injeção de calda de cimento e lançamento de concreto projetado) são leves e de
fácil manuseio.

Velocidade de execução: as técnicas utilizadas na execução do solo grampeado permitem uma boa produção. O tempo de execução é, em geral, menor, se comparado às soluções
convencionais.

Deformabilidade: por ser uma estrutura deformável, suporta com segurança a ocorrência de recalques totais ou diferenciais.

Flexibilidade: permite grande adaptação do projeto às condições geométricas do talude, além de inclinação da face, distribuição e dimensionamento dos chumbadores nos diferentes estágios de construção.

Um dos métodos utilizados para o dimensionamento de um solo grampeado é o bishop, proposto por Bishop (1955), que se trata de um método simplificado para cálculo de estabilidade do talude.

Para Moliterno (1994), durante a fase de projeto, também é necessário que se observe, atentamente, o comportamento das construções similares já executadas, principalmente em terrenos com ocorrência de diaclases (superfícies de roturas de rochas) preenchidos com argilas e na parte inferior de montanha classificado como colúvio (Talus). A contenção de taludes com predominância desses materiais é ainda bastante experimental, conseguindo-se resultados satisfatórios desde que seja impedida a saturação  (encharcamento).

Os estudos geotécnicos para o desenvolvimento de um projeto em solo grampeado acontecem, inicialmente através do conhecimento da natureza geológica da região na qual irá implantar-se a obra, bem como, se há um leve movimento do talude, alguma ocorrência de fissuras e o estado das canalizações de águas pluviais (ou outras quaisquer), o que pode de certa forma inviabilizar a aplicação da contenção.
 
Fontes:
CUNHA, L F. , SOLO GRAMPEADO – MÉTODO EXECUTIVO, Artigo Científico
MOLITERNO, Antônio; Caderno de Muros de Arrimo, 2º edição São Paulo –
1994.
SILVA, D P ,et al. SOLO GRAMPEADO, Artigo Engedata/Solotrat
Solotrat - Vídeo

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