Introdução
Solo, do latim solum,
o material da crosta terrestre, não consolidado, que ordinariamente se
distingue das rochas, de cuja decomposição em geral provêm, por serem suas partículas
desagregáveis pela simples agitação dentro da água [Holanda, A. Buarque de].
Geologicamente,
define-se solo como o material resultante da decomposição das rochas pela ação
de agentes de intemperismo.
No âmbito da
engenharia rodoviária, considera-se solo todo tipo de material orgânico ou
inorgânico, inconsolidado ou parcialmente cimentado, encontrado na superfície
da terra. Em outras palavras, considera-se como solo qualquer material que
possa ser escavado com pá, picareta, escavadeiras, etc., sem necessidade de
explosivos.
Agentes
do Intemperismo: temperatura / pressão / alterações
cristalinas / hidratação / agentes biofísicos – vegetação / agentes químicos –
dissolução, oxidação, redução,hidratação, hidrólise, lixiviação.
Origem dos Solos
Com base na origem
dos seus constituintes, os solos podem ser divididos em dois grandes grupos:
solo residual, se os produtos da rocha intemperizada permanecem ainda no local
em que se deu a transformação; solo transportado, quando os produtos de alteração
foram transportados por um agente qualquer, para local diferente ao da transformação.
A origem remota do solo está na decomposição da rocha pela ação das
intempéries.
Fatores:
1- Natureza da rocha madre
2- Clima da região
3- Agente intempérico de transporte
4- Topografia da região
5- Processos orgânicos
Solos Residuais
Os solos residuais
são bastante comuns no Brasil, principalmente na região Centro-Sul, em função
do próprio clima.
Todos os tipos de
rocha formam solo residual. Sua composição depende do tipo e da composição
mineralógica da rocha original que lhe deu origem. Por exemplo, a decomposição
de basaltos forma um solo típico conhecido como terra-roxa, de cor
marrom-chocolate e composição argilo-arenosa. Já a desintegração e a
decomposição de arenitos ou quartzitos irão formar solos arenosos constituídos
de quartzo. Rochas metamórficas do tipo filito (constituído de micas) irão
formar um solo de composição argilosa e bastante plástico. A Tabela 1 abaixo
apresenta alguns exemplos.
Basalto
O basalto é uma rocha ígnea eruptiva, cuja
granulação é fina, em pequenos cristais. A sua decomposição muitas vezes gera a
Argila.
Quartzito
O Quartzito Rocha metamórfica composta essencialmente por quartzo. A sua
decomposição gera as Areias
Filito - é uma rocha metamórfica
de granulação fina.
Granito - é uma rocha
ígnea de grão grosseiro.
Calcário - na maioria das vezes, são formados pelo acúmulo
de organismos inferiores (por exemplo, cianobactérias) ou
precipitação de carbonato de cálcio na forma de bicarbonatos, principalmente em
meio marinho.
Não existe um contato
ou limite direto e brusco entre o solo e a rocha que o originou. A passagem
entre eles é gradativa e permite a separação de pelo menos duas faixas
distintas; aquela logo abaixo do solo propriamente dito, que é chamada de solo
de alteração de rocha, e uma outra acima da rocha, chamada de rocha alterada ou
rocha decomposta (Figura 1).
·
O
solo residual é subdividido em maduro e jovem, segundo o grau de decomposição
dos minerais.
·
O
solo residual é um material que não mostra nenhuma relação com a rocha que lhe
deu origem. Não se consegue observar restos da estrutura da rocha nem de seus minerais.
·
O
solo de alteração de rocha já mostra alguns elementos da rocha-matriz, como
linhas incipientes de estruturas ou minerais não decompostos.
·
A
rocha alterada é um material que lembra a rocha no aspecto, preservando parte
da sua estrutura e de seus minerais, porém com um estágio de dureza ou
resistência inferior ao da rocha.
·
A
rocha-sã é a própria rocha inalterada.
As espessuras das quatro faixas
descritas são variáveis e dependem das condições climáticas e do tipo de rocha.
Abaixo vemos o processo de formação do
solo residual.
Solos Transportados
Os solos
transportados formam geralmente depósitos mais inconsolidados e fofos que os
residuais, e com profundidade variável. Nos solos transportados, distingue-se
uma variedade especial que é o solo orgânico, no qual o material transportado
está misturado com quantidades variáveis de matéria orgânica decomposta, que em
quantidades apreciáveis, forma as turfeiras. Como exemplo, tem-se o trecho da
Via Dutra, próximo a Jacareí, em São Paulo, apresentando sempre danos no
pavimento.
De um modo geral, o
solo residual é mais homogêneo do que o transportado no modo de ocorrer,
principalmente se a rocha matriz for homogênea. Por exemplo, uma área de
granito dará um solo de composição areno-siltosa, enquanto uma área de gnaisses
e xistos poderá exibir solos areno-siltosos e argilo-siltosos, respectivamente.
O solo transportado, de acordo com a capacidade do agente transportador, pode
exibir grandes variações laterais e verticais na sua composição. Por exemplo: um
riacho que carregue areia fina e argila para uma bacia poderá, em períodos de
enxurrada, transportar também
cascalho, provocando
a presença desses materiais intercalados no depósito.
A Figura 2 ilustra um local de solos
transportados.
Entre os solos transportados, é
necessário destacar-se, de acordo com o agente transportador, os seguintes
tipos ainda: coluviais, de aluvião, eólicos (dunas costeiras).
Não serão considerados os glaciais,
tão comuns da Europa, América do Norte, etc. e a variação eólica (loess), uma
vez que ambos não ocorrem no Brasil.
Solos Aluviais
Os materiais sólidos
que são transportados e arrastados pelas águas e depositados nos momentos em
que a corrente sofre uma diminuição na sua velocidade constituem os solos
aluvionares ou aluviões. É claro que ocorre, ao longo de um curso d'água
qualquer, uma seleção natural do material, segundo a sua granulometria e dessa
maneira deve ser encontrado, próximo às cabeceiras de um curso d'água, material
grosseiro, na forma de blocos e fragmentos, sendo que o material mais fino,
como as argilas, é levado a grandes distâncias, mesmo após a diminuição da
capacidade de transporte do curso d'água. Porém, de acordo com a variação do
regime do rio, há a possibilidade de os depósitos de aluviões aparecerem
bastante heterogêneos, no que diz respeito à granulometria do material.
Os solos Aluviais podem ser:
·
Fluvias
·
Enxurradas
·
Lacustres
·
Deltaicos
a-
Fluviais
(rios)
·
Três
fases (juvenil, madura e senil).
·
Transporte
pode ser realizado por arrastamento, suspensão e solução
·
A
deposição das partículas depende do tamanho das mesmas e velocidade da corrente
·
Na
fase juvenil e madura a deposição possui pouca classificação
·
Nas
planícies de inundação os depósitos são melhores classificados
b-
Enxurrada
·
Em
solos que estão desprotegidos de vegetação
·
Pequena
espessura
·
Pouca
classificação devido a variação da velocidade das águas
c-
Solos
lacustres
·
Solos de lagos.
·
São ambientes de deposição calmos, Formando solos argilosos e siltosos
·
Possuem boa classificação granulométrica Nas margens ocorre a deposição de material grosseiro e mais ao
fundo material mais fino ocorre a deposição do material em solução e em suspensão coloidal.
·
Ocorre também a formação de húmus e turfas (solos orgânicos)
d-
Deltaicos
(Rios)
Delta do São Francisco
Solos Orgânicos
Os locais de
ocorrência de solos orgânicos são em áreas topográficas e geograficamente bem
caracterizadas: em bacias e depressões continentais, nas baixadas marginais dos
rios e nas baixadas litorâneas. Como exemplo dessas ocorrências, tem-se no
estado de São Paulo a faixa ao longo dos rios Tietê e Pinheiros, dentro da
cidade de São Paulo. Neste caso, a urbanização da cidade mascarou parte da
extensa faixa de solo de aluvião orgânico. Exemplo de ocorrências de solos de
origem orgânica em baixadas litorâneas são encontrados nas cidades de Santos e
do Rio de Janeiro e na Baixada do Rio Ribeira, em São Paulo. Para a abertura da
Linha Vermelha no Rio de Janeiro, que atravessa região de manguesais com
grandes espessuras de argila orgânica, foi necessário a construção de uma laje
de concreto apoiada em estacas para servir de infra-estrutura ao pavimento. Uma
sondagem na Av. Presidente Vargas, no Rio de Janeiro, mostra a partir da
superfície, 10 m de areia média a fina, compacta, arenosa dura e rija. Na
Figura 3, é apresentado um exemplo de processo construtivo de rodovia sobre
solos orgânicos.
Segundo VARGAS
(1978), a formação dos solos orgânicos ocorre pela impregnação de matéria
orgânica em sedimentos preexistentes ou pela transformação carbonífera de
materiais, geralmente, de origem vegetal contida no material sedimentado.
Uma parte dos
produtos da decomposição da matéria orgânica é um produto escuro e
relativamente estável que impregna os
solos orgânicos, chamado húmus. E este
só impregna permanentemente solos finos como a argila e silte. Geralmente são
os solos de cor escura das baixadas litorâneas ou das várzeas dos rios
interioranos. Não existem areias grossas ou pedregulhos orgânicos, pois a alta
velocidade de percolação carreia toda matéria orgânica.
Quando há grande deposição de folhas caules e troncos
formam-se um solo fibroso essencialmente de carbono, que se chama turfa, tendo
esta uma densidade menor que os outros solos orgânicos.
Perfil do Solo de Manguezal
Etapas para construção de rodovias em terrenos orgânicos.
Solos Coluviais
Os depósitos de
coluvião, também conhecidos por depósitos de tálus, são aqueles solos cujo
transporte deve exclusivamente à ação da gravidade. São de ocorrência
localizada, situando-se, via de regra, ao pé de elevações e encostas, etc. Os
depósitos de tálus são comuns ao longo de rodovias na Serra do Mar, no Vale do
Paraíba, etc. A composição desses depósitos depende do tipo de rocha existente
nas partes mais elevadas. A existência desses solos normalmente é desvantajosa
para projetos de engenharia, pois são materiais inconsolidados, permeáveis,
sujeitos a escorregamentos, etc.
ILUSTRAÇÃO COM VÁRIAS FORMAS DE FORMAÇÃO DOS SOLOS
Solos Eólicos
São de destaque,
apenas os depósitos ao longo do litoral, onde formam as dunas, não sendo comuns
no Brasil. O problema desses depósitos existe na sua movimentação.
Como exemplo, temos os do
estado do Ceará, e os de Cabo Frio no Rio de Janeiro.
Dunas do parque nacional dos lençóis maranhenses.
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